ROTEIRO
Na soalheira danada de meio-dia, um menino estava sentado na poeira do caminho, imaginando bobagem, quando passou um rapaz robusto.
CÍCERO – Bom dia, menino. Meu nome é Cícero, mas pode me chamar de Cicinho. Para onde vai essa estrada?
ZÉ – Bom dia. Todos me chamam de Zé. Esta estrada vai até um açude que fica perto da casa de Dona Joaquina. Você a conhece?
CÍCERO – Conheço sim, ela é minha mãe.
ZÉ – Tu é Cicinho, filho de Dona Joaquina? Todas as vezes que vou visitá-la, ouço as historias do pequeno Cicim.
CÍCERO – Há muitos anos não a vejo. Disse tantas coisas horríveis para minha mãe ... vamos comigo visita-la, aproveite para me ajudar com o caminho.
ZÉ – Tudo bem.
FORAM CONVERSANDO ATÉ A CASA DE DONA ANA JOAQUINA.
CASA DE DONA ANA - TARDE
CÍCERO – Mainha, a senhora está aí?
DONA ANA – Num acredito, Senhor Jesus. É você mesmo, Cicim?
CÍCERO – É mainha, que saudade da senhora.
TODOS COMEÇAM A CHORAR.
DONA ANA - Como vai a vida em São Paulo , meu filho?
CÍCERO – Bem! Me casei, tive dois lindos filhos. Um dia, que está muito próximo, a senhora vai conhecê-los. Mas voltei mesmo para lhe pedir perdão. Mainha, me perdoa por tudo que lhe fiz anos atrás, por dizer que tinha vergonha de ser seu filho, que não agüentava mais essa vida miserável que tinha por aqui, por dizer tantas coisas horríveis. Hoje, depois de ter meus filhos, percebi que a pior coisa que poderia me acontecer, seria ver meus filhos dizerem coisas que me magoassem, como as que eu disse para a senhora. Perdão, por favor, perdão.
DONA ANA – Eu faço tudo que você quiser, filho.
CÍCERO – Que bom, mainha. Então, enquanto a senhora arruma sua mala, vou dar uma volta com o Zé. Ele precisa tomar um ar, pois não para de chorar.
ZÉ – É que eu estou tão feliz. Há tanto tempo vejo Dona Ana chorando pelos cantos da casa, dizendo que “um dia Cicim volta e eu vou recebe-lo de braços abertos.
CÍCERO – Chega de papo, menino. Vamos dar uma volta.
ENQUANTO ELES ENTRAM NO QUARTO, SE DEPARAM COM DONA ANA NO CHÃO. OS DOIS FICAM MUITO ASSUSTADOS.
CÍCERO – Mainha, já terminou de arrumar as coisas?
ZÉ – Dona Ana ... Dona Ana ...
AO ENTRAR NO QUARTO, SE DEPARAM COM DONA ANA JOGADA AO CHÃO. OS DOIS FICAM MUITO ASSUSTADOS.
CÍCERO – A senhora está bem? O que aconteceu?
DONA ANA – Filho, há algum tempo estou mal, não é a primeira vez que isto acontece. Mas agora que nos reconciliamos, posso partir em paz.
ZÉ – Dona Ana ... Não abandona a gente.
DONA ANA – Eu amo vocês, nunca se esqueçam disso.
E ASSIM AMBOS CHORAM A MORTE DE DONA ANA.
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